Quando me deparei com a necessidade de tomar uma decisão entre trabalhar e estudar, a minha mente ficou um bocadinho perdida. 

Por um lado obviamente que queria trabalhar, arranjar um emprego, ganhar experiência, começar a ganhar dinheiro, começar a descontar, fazer as minhas poupanças, criar um pé de meia, tudo isso.

Por outro não estavam 100% satisfeita com a minha formação académica, senti que uma licenciatura não me chegava, não me dava todas as ferramentas e conhecimentos que precisava. Queria mais, precisava de mais, precisava de algo maior. Então comecei a pesquisar mestrados que me interessassem, outras licenciaturas, pós-graduções e coisas que tais; foi quando escolhi entrar na OCC (ver OCC - O início) e, por necessidade, voltar a estudar. Maior parte das vezes estudar, para mim, é um prazer. Eu gosto de estudar, gosto de aprender, gosto de evoluir. Gosto particularmente da vida académica. Então não foi uma decisão muito difícil de tomar, voltei a estudar de bom grande. Fi-lo, no entanto, em Pós Laboral (ver Como é estudar em Pós-Laboral) para que me fosse possível conciliar um emprego com os estudos. 

Concluindo, perante a opção de estudar ou trabalhar, eu escolhi os dois. Escolhi trabalhar e estudar, ao mesmo tempo, complementando a minha formação académica e profissional. 

Já sei o que estão aí a pensar: "Como assim segunda licenciatura? As pessoas já se vêem aflitas de fazer a primeira!", mas eu vou-vos explicar tudo!

É verdade, eu sou licenciada em Gestão e, quando estava quase a acabar esse curso, fez-me luz e um dia disse "E se eu fosse contabilista também?". Eu gosto muito de Gestão. Não é um curso só sobre números ao contrário do que eu pensava, é um curso sobre pessoas, sobre agilidade de pensamento, sobre ter conhecimentos variados sobre imensas coisas. O problema disso, no meu ponto de vista, é que não se sabe tudo sobre alguma coisa, sabe-se um bocadinho de cada área. Por muito que eu gostasse de Gestão, tinha a sensação que me faltava algo, que precisava de mais, então escolhi entrar na Ordem dos Contabilistas Certificados.

O que acontece é que a minha licenciatura não é totalmente reconhecida pela Ordem, tal como expliquei na publicação sobre a OCC, isto é, preciso de complementá-la. Há imensas cadeiras em comum entre Gestão e Contabilidade, o que faz com que eu tenha equivalência a quase metade do curso. Além de que, se concluir a licenciatura de Contabilidade e Finanças, fico dispensada do estágio e posso ir diretamente para exame.

O que é que eu pensei? Isso mesmo "Porque não fazer a licenciatura toda?"! Já tenho que fazer 8 cadeiras e tenho, então para isso faço as cadeiras todas que me faltam para acabar a licenciatura e, com o mesmo tempo ""desperdiçado"", fico com uma segunda licenciatura. Já viram o louco que é ter duas licenciaturas? Ser Gestora e Contabilistas? 

Há que salientar que estou a estudar em Pós-Laboral neste momento, para conseguir conciliar os estudos com o emprego. Falei sobre a minha experiência a estudar neste regime na publicação Como é estudar em Pós-Laboral, vão lá dar uma espreitadela.

Tal como a OCC, é um longo caminho que ainda tenho pela frente e vou partilhar convosco aqui o máximo que eu conseguir!

Então o meu plano a nível académico-profissional a curto/médio prazo é entrar na OCC, que mais não é do que a Ordem dos Contabilistas Certificados (antiga OTOC). Não sei se consigo, não sei se vou ser capaz, uma vez que é um exame extremamente difícil, mas eu sou uma rapariga que gosta de um bom desafio e que se sente motivada pelo que é difícil e exige luta. 

Para entrar na OCC há todo um conjunto de passos, o processo não é fácil principalmente para alguém, como eu, que não tem licenciatura em Contabilidade. A primeira coisa que fiz foi pegar no meu certificado de conclusão de curso, com todas as unidades curriculares discriminadas, e enviá-lo para a Ordem; isto faz-se para se saber se a nossa licenciatura é, ou não, aprovada. No meu caso não foi, pelo que recebi uma lista de cadeiras que vou ter que fazer para completar a minha formação académica, de modo a estar totalmente preparada para fazer o exame. Tenho que fazer 8 cadeiras do curso de Contabilidade e Finanças, que acabei por decidir fazer a licenciatura toda (ver A minha segunda licenciatura), e, só no fim irei candidatar-me ao exame. Na licenciatura completa está incluída a cadeira de Simulação Empresarial, que é uma monstrusidade de cadeira, o que me permite a dispensa de estágio da Ordem e ida imediata para exame. 

Isto é um processo que está muito no início, ainda só conclui 2 das 8 cadeiras, ainda preciso de mais um ano e meio sensivelmente até poder candidatar-me, por isso vou tentar atualizar o blog o máximo que conseguir sobre todo este caminho. 

Este ano (2017/2018) fiz a escolha de começar a estudar em Pós-Laboral, para conseguir tirar a minha segunda licenciatura e trabalhar ao mesmo tempo. Para quem não sabe, as aulas que são em Pós-Laboral começam às 18h e vão até às 00h (depois do horário laboral de qualquer empresa).

Depois de estudar 4 anos em Diurno, a transferência parecia-me muito assustadora. Surgiram-me muitas dúvidas durante o processo de escolha: como é que vou estudar quando toda a gente está em casa, como vou sair de casa quando está frio no inverno, como é que vou lidar com o sono, como é que vou ter cabeça para ter uma aula às 21h ou 22h. Mas fui à aventura e siga para as aulas durante a noite! Este (primeiro) semestre foi a minha primeira experiência, apenas com 3 cadeiras e sem estar a trabalhar ainda. Tinha três aulas às 18h e uma aula às 22, ao longo da semana.

Confesso que é outro mundo, é completamente diferente. Estamos a falar em aulas praticamente só com adultos, trabalhadores, pais e mães de família. Estamos a falar em edifícios em silêncio absoluto, porque não há nem metade do movimento que há durante o dia. Estamos em falar de um ambiente dentro de aula muito mais aconchegante, em que os professores têm possibilidade de nos conhecer, de falar connosco, de nos ajudar individualmente. Claro que todos os meus medos acabaram por acontecer; claro que custa sair de casa quando está um frio desgraçado e a nossa casa está quentinha e está toda a gente embrulhada numa manta à frente da lareira, claro que custa ir para as aulas quando os nossos amigos estão a ir para um jantar ao qual tu não podes ir, claro que nem sempre a cabeça está a 100%. Compensa. Compensa totalmente. Confesso que, se soubesse o que sei hoje, já tinha ido para Pós-Laboral há muito tempo, ainda em Gestão. 

Agora, a questão é: quão mais difícil vai ser quando tiver que trabalhar um dia inteiro antes de ir para as aulas? Isso é uma questão que apenas vai ser respondida daqui a umas semanas, quando efetivamente começar a trabalhar.

Fica atento!

"Afinal, qual foi o primeiro passo Pipa?"

Obviamente, como qualquer pessoa que acaba o curso antes do verão, o meu primeiro passo foram FÉRIAS.

Peguei na minha amiga, na minha companheira de curso, licenciada no mesmo dia que eu, fizemos as malas e fomos de férias. Vamos aqui admitir que não foram umas grandes grandes férias, também havia o limite o €€ por motivos óbvios. Fomos só as duas para um grande hotel junto ao mar, numa praia pequenina, no Vimeiro e ficamos lá por 3 dias.

Foi fantástico, foi incrível, foi um recarregar de baterias super importante e permitiu-me "desligar" o cérebro de todas as preocupações e stresses, passados e futuros. 

Este é o meu conselho para qualquer recém licenciado. Antes de começar a procurar emprego ou entrar num novo projeto ou decidir/fazer seja o que for, tirem férias. Pode ser só um dia, ou fim de semana, ou uma semana, mas façam isso. Parem um bocadinho para respirar fundo, limpar a mente e dar o passo seguinte. 

Esta foi a pergunta que fiz a mim mesma em julho de 2017: então, e agora?

De repente dei por mim licenciada, "canudo na mão", numa relação de 3 anos e meio com um rapaz não licenciado, a viver em casa dos meus pais e sem fazer ideia do que queria para a minha vida.

Iria trabalhar? Iria para um mestrado? Iria tirar uma segunda licenciatura? Ficava na minha cidade ou ia para fora? Emprego ou estágio? Portugal ou estrangeiro? Remunerado ou não remunerado? Voluntariado? Gap year? Havia tanta mas tanta coisa para onde me podia virar e não conseguia decidir.

Naquele momento tomei consciência que não seria a primeira vez que tal pergunta me iria vir à cabeça, que a minha vida nunca mais seria igual e que eu iria ter que tomar decisões, sozinha ou acompanhada, sobre absolutamente tudo. Naquele momento soube que finalmente era adulta mas ainda com a experiência e capacidade financeira de uma criança.

Aos 23 anos descobri que não há nada nem ninguém que nos prepare para isto, não há regras, não há modelos, não há linhas por onde nos guiar quando finalmente "somos grandes". Descobri que há um milhão de caminhos diferentes e eu é que tinha que saber qual seria o melhor para mim. 

Agora, janeiro de 2018, com a cabeça um bocadinho mais organizada, com a vida um bocadinho (um bocadinhozinho mesmo pequenino) mais orientada, decidi pegar nesse que foi o momento em que tive que dar um passo atrás e pensar bem e criar um blog, uma plataforma, um sítio onde possa mostrar às pessoas, jovens e desorientadas como eu, que decisões tomei e como comecei a minha vida de adulta.

Sem nunca esquecer que nada é errado se nos faz feliz.